Os dias estão passando rápido e muita coisa está acontecendo. O primeiro post dessa série foi há oito dias e, para mim, parece que um mês já se passou. Dando continuidade ao meu projeto de 2021, passemos para a segunda review do Studio Ghibli: 'O Castelo Animado' (Howl's Moving Castle).
Com o nome original de Hauru no Ugoku Shiro (ハウルの動く城), 'Howl's Moving Castle' (sim, prefiro o nome em inglês) foi lançado em 20 de novembro de 2004. Ele foi dirigido pelo Hayao Miyazaki, o mesmo de 'Meu Amigo Totoro', e baseado no livro de mesmo nome da autora inglesa Dianna Wynne Jones, lançado em 1986.
Em 2004, o Studio Ghibli já tinha se consolidado no mundo depois do sucesso absurdamente grande de 'A Viagem de Chihiro' (2001) e o êxito foi repetido aqui. O filme arrecadou mais de US $230 milhões no mundo todo e foi indicado ao Oscar 2006 como melhor animação, perdendo para 'Wallace & Gromit' (sim, isso aconteceu).
Vamos falar sobre a história do filme agora.
Sophie é uma jovem chapeleira sem muitas perspectivas. Ela não se acha bonita, interessante ou merecedora de uma vida cheia de romance ou emoção, tudo que faz é cuidar da loja de chapéus que herdou de seu pai por ser a filha mais velha. Um dia, ao se perder num beco e ser abordada por alguns soldados insistentes, Sophie é salva por um homem com poderes mágicos, Howl, e ele conta que está sendo perseguido por criaturas sombrias.
Naquela noite, a moça é abordada por uma senhora elegante que revela ser a temida Bruxa do Vale, conhecida nas redondezas por sua crueldade. Ela tinha invocado as criaturas que perseguiam Howl e resolve se vingar do feiticeiro e da sua "nova amiga" por terem escapado. Sophie é transformada numa idosa e parte da cidade onde mora para ir até o Vale e tentar convencer a Bruxa a tirar a maldição. No caminho ela conhece e salva Cabeça de Nabo, um espantalho que se torna um grande amigo. Cansada e quase desistindo, a jovem velha pede que o espantalho lhe encontre um lugar para descansar e ele a leva até o Castelo Animado, cujo dono é Howl.
O Castelo se move pelo mundo usando a magia de Calcifer, um demônio em forma de fogo que, no passado, caiu na Terra como uma estrela cadente e fez um acordo com Howl, que se tornou seu mestre. Calcifer deseja ser livre de novo e faz um acordo com Sophie: ela deve descobrir uma maneira de quebrar o contrato com o dono do castelo e, em troca, o demônio vai retirar a maldição jogada pela Bruxa. A moça, agora idosa, junto com Calcifer, Cabeça de Nabo, Howl e seu jovem aprendiz, Markl, partem numa aventura emocionante enquanto todo o mundo ao redor mergulha numa guerra terrível.
De maneira geral, a vida de Sophie também é pouco explorada ou explicada. Sua madrasta é como uma mãe e as duas são visivelmente diferentes, mas só quando o filme acabou e eu fui pesquisar é que descobri o parentesco real dessa bagunça toda. Ninguém na cidade questionou que uma jovem tão trabalhadora e querida por todos sumiu do dia para a noite? Por fim, meu último problema vem com a relação entre Sophie e Howl, que é bem picotada e avançamos os estágios do relacionamento deles de forma repentina. Tudo seria perfeito se o filme fosse 20 minutos maior (ele tem exatamente duas horas).
Por outro lado, os temas que o filme aborda são incríveis. O diretor Miyazaki enxergou a história como uma forma positiva de falar sobre a velhice, pois Sophie não se limita pela idade que recebe na forma de uma maldição. Na verdade, seu espírito apenas se fortalece e sua personagem se torna muito mais carismática. Além disso, 'Howl's Moving Castle' critica elementos da modernidade por meio do contraste entre as cenas na natureza e as cenas nas cidades. Podemos ver com clareza a fumaça dos trens, a falta de vegetação, a destruição causada pela indústria e a avareza dos seres humanos lutando entre si sem outra razão além de poder.
Por fim, o assunto mais criticado é justamente a guerra. O diretor foi influenciado pela Guerra do Iraque, iniciada pelos EUA em 2003. O filme não esconde a destruição causada pelos conflitos bélicos e como os soldados perdem sua humanidade no processo e não apenas eles, mas todos os envolvidos na luta. Howl, um grande pacifista, usa seus poderes todos os dias para impedir bombardeios e minimizar a devastação e, com o passar do tempo, seu ódio por todas as coisas ruins acontecendo começa a consumi-lo.
Que experiência maravilhosa foi assistir 'Howl's Moving Castle', mesmo com os pequenos defeitos eu adorei cada segundo e me segurei muito, mas no final não aguentei e chorei até a cabeça rachar de tanto doer - meus olhos também encheram d'água várias vezes enquanto escrevia a review e quem me conhece sabe que choro fácil mesmo. A trilha sonora é emocionante, cheia de "marchinhas" de soldados e é carregada por um forte sentimento de nostalgia. A qualidade da animação deixa muitos animes de hoje humilhados e é muito brilhante, colorida e detalhada. Minha cena favorita é quando Sophie estica as roupas com Cabeça de Nabo e Markl e depois se senta de frente para o lago, além da cena final é claro.
Recomendo a todos que assistam e assistam com o coração aberto. Não é apenas um filme para entender, mas para sentir e prestar atenção nos mínimos detalhes. Perceba como Sophie começa a alternar entre idosa e jovem, sua relação maternal com Markl, seu reencontro com a Bruxa do Vale e, claro, as impressões que ela deixa em Howl e Cacilfer, inicialmente hostis com ela.
Semana que vem, trarei a review de 'O Conto da Princesa Kaguya' (2013). Outro filme do Studio Ghibli que estarei vendo pela primeira vez. Espero que tenham gostado de 'Howl's Moving Castle' e do post. Até semana que vem!
Link do filme no My Anime List, caso queiram ler mais reviews: Howl no Ugoku Shiro (Howl's Moving Castle) . Aqui a maravilhosa música que encerra o filme.
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